Dia 26 de junho de 2025, Na cidade de Marcelino Vieira, no Alto Oeste do Rio Grande do Norte, a Escola Municipal Edilton Fernandes foi recentemente palco de uma experiência marcante para seus estudantes: a realização do projeto AfroCine Itinerante nas Escolas, promovido pelo Ponto de Cultura Quintal dos Paranauês e idealizado pelo produtor cultural Ronivon Bessa. A iniciativa tem como objetivo central levar cinema afro-brasileiro e nordestino para o ambiente escolar, promovendo o acesso à cultura e à ancestralidade negra por meio do audiovisual.
A proposta do AfroCine vai muito além da simples exibição de filmes. Ela é, na verdade, uma experiência formativa, sensível e coletiva que insere o cinema como ferramenta pedagógica de valorização da identidade e da diversidade. Em Marcelino Vieira, os estudantes tiveram a oportunidade de assistir a uma curadoria de produções que abordam a vivência, a estética e a resistência do povo negro, com destaque para a impactante videoarte “Maculelê com Fogo e Facão”, produção do próprio Quintal dos Paranauês. A obra chamou atenção por sua linguagem potente, conectando dança, tradição, luta e espiritualidade em uma representação visual que resgata elementos da capoeira e dos rituais afrodescendentes.
Após cada sessão, os alunos participaram de rodas de conversa mediadas por professores e integrantes do projeto, ampliando as reflexões sobre os conteúdos vistos. Essas trocas revelaram o quanto o cinema pode ser uma janela para novos modos de ver o mundo e de compreender a si mesmo, sobretudo para estudantes que, muitas vezes, não se veem representados nas produções audiovisuais tradicionais. O AfroCine, nesse sentido, cumpre um papel essencial: promove o protagonismo negro e nordestino dentro da escola pública, dialogando diretamente com os territórios e as realidades dos participantes.
Financiado pela Lei Paulo Gustavo, com apoio da Fundação José Augusto e do Governo Federal, o projeto percorrerá outras cidades do Alto Oeste potiguar. Em cada uma delas, o AfroCine pretende deixar um rastro de emoção, reflexão e pertencimento. Em Marcelino Vieira, não foi diferente: alunos, professores e gestores expressaram entusiasmo com a proposta, destacando a importância de ações culturais que rompam com a lógica da centralização e cheguem às pequenas cidades com qualidade e compromisso social.
Ronivon Bessa, idealizador do projeto, destaca que o AfroCine nasce do desejo de democratizar o acesso ao audiovisual afro-brasileiro, contribuindo para a formação crítica de jovens e para a valorização das raízes culturais do povo potiguar. Mais do que uma ação pontual, trata-se de uma proposta contínua de educação para a sensibilidade, o respeito às diferenças e o reconhecimento das histórias silenciadas.
Em tempos em que a cultura enfrenta tantos desafios, iniciativas como o AfroCine mostram que é possível construir pontes entre arte, escola e comunidade. O que se viu em Marcelino Vieira foi mais do que uma exibição de filmes: foi um gesto de resistência e afirmação cultural, um momento de aprendizado coletivo e de encantamento com as possibilidades do cinema feito com propósito, afeto e identidade.
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